como escrever

Comer escrever. Beber escrever. Dimitri escrever.

Com qual tinta escrever. Chacal escrever.

Menor escrever. Bandeira escrever.

De dia, adora escrever. Rosa escrever.

Com música escrever. Conká escrever.

Sonhando escrever. Stevie escrever.

John leu, não escreveu. Ono escrever.

Y es que ver está más allá, meu bom, olha lá!

céu marejado

sabe-se lá quantos tons de trovoada retumbarão pelos cantos cinzas de cada bairro da cidade

todo estrondo rasga o firmamento, incendeia, rabisca ideias pelas rosas de cada vento

pétalas de água explodem nas cabeças das casas velas amarelas, vermelhas, verdes

acende qualquer cor pedindo aos seus apenas para que parem de  

rascunhos de uma noite de verão - I

No apagar das luzes tudo se acende

Tudo se sente no calor da lua, no colar da curva, no solar do túnel.

Um bulbo no escuro tateia o solo quente

Ventriloquosamente

Fala maduro do fruto

Que se espraia, ondeia, vaga

Aperta o cinto e sente a senda

Assombra a vereda, e sobre o pé de amora

Balão desgovernado ouvindo cantar de galos

não perguntar me ofende

pavoroso ser humano afirmar acidentais uma decapitação, um arrancar o coração; desumano dizer, mesmo de brincadeira, que tais ocorrências deveriam ser semanais.

loucura tentar dar conta disso tudo pintando um quadro, escrevendo versos, fazendo música.

Jesus terminaria na cruz se tivesse conversado com Jung, Freud ou Lacan?

que tom é esse?

Quis o acaso que esta página viesse à tona neste dia de reis. Sem sei não se quer dono da verdade, daquela arrogância de quem acha que está voltando com as castanhas diante da alegria inocente de quem acaba de colher o caju. Não é nenhum poço de sabedoria, nem um golfo de ignorância. Talvez seja um fiorde onde há diversas dúvidas profundas. Sobretudo, um espaço, se der, algo ritmo, luz, som e calor; se não der, uma sombra à procura de água fresca.